Tragédias envolvendo acidentes com motoristas alcoolizados não causam apenas a perda irreparável de vidas humanas, mas impactam o sistema público de saúde e de previdência.
Minas Gerais perde todos os anos cerca de R$ 3 bilhões com a antecipação de aposentadorias por invalidez, pagamento de seguros, uso de leitos hospitalares para a internação de feridos e na estruturação de uma rede de atendimento que precisa estar bem equipada para receber as vítimas. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde.
Um terço dos feridos atendidos nos hospitais de emergência apresenta níveis elevados de álcool no sangue. “São níveis incompatíveis para que o condutor consiga dirigir seu veículo”, avalia Fábio Nascimento, presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego.
“A gente sabe que metade dos acidentes tem alguma relação com o consumo de álcool”, alerta o psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, que há uma década estuda a aceitação da Lei Seca pelos condutores mineiros.
Para Rosana Antunes, especialista em projetos de prevenção de acidentes de trânsito, “o poder público começou a fazer uma análise mais numérica e a se movimentar a partir dos impactos financeiros provocados pelos acidentes”.
Há duas décadas, familiares de Rosana sofreram um acidente. O carro em que estavam foi atingido por um caminhoneiro embriagado. Ninguém morreu, mas sua mãe ficou tetraplégica.
“Os acidentes também deixam as vítimas secundárias, que são os familiares, que muitas vezes precisam superar o trauma, e isso não é contabilizado”, diz. Só em 2010, o Sistema Único de Saúde gastou R$ 187 milhões em internações. A Secretaria de Estado Saúde não sabe dizer quanto desse montante foi gasto em MG.
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