segunda-feira, 29 de junho de 2015

Contorno ferroviário e transporte para passageiros na linha do trem são defendidos em audiência pública


Debater os problemas causados pela passagem do trem dentro de Juiz de Fora e apontar soluções como o contorno ferroviário e a instalação de veículo leve sobre trilhos (VLTs) foram os objetivos da audiência pública convocada pela comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na manhã desta quinta-feira, 25, na Câmara Municipal.


O deputado estadual, Noraldino Junior, presidiu o encontro que foi o primeiro de três debates sobre a questão. Ele dirigiu alguns questionamentos ao gerente-geral da MRS Logística, Sérgio Carrato e ao secretário municipal de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello.

A passagem de trens na cidade é possível devido à concessão do Governo federal, com duração de 30 anos, faltando apenas dez anos para que a MRS continue utilizando o espaço ou opte pela renovação por mais 30 anos. Com a prorrogação devem ser pensados investimentos significativos para o Município. Os impactos da linha férrea na mobilidade urbana, a segurança de pedestres e motoristas, os impostos pagos à cidade, a construção de viadutos e trincheiras e o compartilhamento da linha para transporte de passageiros foram as questões abordadas por Noraldino. 

O deputado Lafayette Andrada lembrou que a questão viária é histórica e as soluções definitivas de alto custo. Ele citou os pontos de gargalo no trânsito e defendeu que os trilhos sejam utilizados para o transporte coletivo. Também representando a Assembleia, o deputado Márcio Santiago cobrou uma resposta da empresa. “Juiz de Fora tem um aumento crescente de veículos. Cada trem possui 1,5 Km de extensão. Precisamos avaliar os prós e contras do transporte de trens de carga na cidade”. Ainda de acordo com o parlamentar, em 2014, foram recolhidos cerca de 15 toneladas de lixo nas margens da linha.

Defensor do contorno ferroviário desde seu primeiro mandato, o vereador Julio Gasparette defende que o tráfego de cargas pela via férrea deve migrar da área urbana de Juiz de Fora para o novo trajeto na proximidade do Rio do Peixe, iniciando em Sobragi até a Mercedes-Benz, cerca de 55 Km, dando lugar ao transporte de passageiros, o que diminuiria o custo da passagem. “Para isso, torna-se necessária a união dos entes federativos – Município, Estado e União – com a iniciativa privada”, enfatizou.

Muitos dos participantes da audiência pública enfatizaram que o momento é oportuno para a discussão porque é a primeira vez que nove representantes da região foram eleitos (cinco deputados estaduais e quatro federais). Representantes das comunidades falaram da insegurança nas passarelas e no entorno das linhas.

O vereador Léo de Oliveira lembrou que em 2014 foram 12 mortes por atropelamento nas passagens de nível. Este ano até o momento são cinco. Também representando o Legislativo, José Emanuel, apresentou um vídeo em que o caminhão do corpo de bombeiros atrasou o resgate devido a passagem do trem na Rua Benjamin Constant. O representante da policia militar, Capitão Soares, fez coro ao vereador dizendo que a instituição enfrenta as mesmas dificuldades ao atender chamados. Para o oficial, a construção de muros ao entorno da linha propicia o uso de drogas e serve para que suspeitos se escondam. Ele defende a retirada do equipamento.

De acordo com o secretário da Settra, a Prefeitura se preocupa com o conflito do trem de carga e as pessoas. “Se o tempo em que o trem passa pelo centro se estender, desregula o horário de todo o transporte coletivo”. Ele se posicionou em enfatizar debates sobre os conflitos para o apontamento de soluções. Uma das causas defendidas é a conexão da linha para o transporte de passageiros. Rodrigo Tortorielo irá encaminhar todas as indagações feitas na audiência por meio de documento oficial.

O representante da MRS, Sérgio Carrato, defendeu o contorno ferroviário e enfatizou que as lideranças da região devem unificar as forças para alcançar esse objetivo. Sobre as 14 mortes na linha do trem em 2014, ele não acredita que o número seja elevado e comparou com acidentes envolvendo motociclistas, que são 14 por dia. A imprudência de motoristas e pedestres, para ele, é a causa dos acidentes envolvendo trens. “Em Juiz de Fora, são 40 Km de linha ferra na área central e cortam a cidade de 20 a 25 trens por dia. O município é o único que conta com todas as cancelas automáticas”, esclareceu.

Ao encerrar o debate mais uma vez foi feita a cobrança para que o Governo federal escute os representantes da cidade sobre as demandas antes da renovação da concessão.

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