quarta-feira, 3 de julho de 2013

Paciente psiquiátrico fica amarrado e precisa amputar parte do braço

Vinte dias depois de ficar amarrado à cama, por 17 horas, em um procedimento chamado de contenção mecânica, um paciente de 43 anos do Hospital Psiquiátrico Municipal (antiga Casa de Saúde Esperança) teve parte do braço esquerdo amputado. A contenção aconteceu no dia 29 de maio e, no dia 18 de junho, por causa de problemas vasculares, o homem precisou passar pelo procedimento de amputação do membro. De acordo com um relatório do Centro de Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora e Zona da Mata, que divulgou o caso à imprensa nesta terça-feira (2), houve negligência e violação de direitos no atendimento ao paciente, por causa das dificuldades em encaminhá-lo ao atendimento médico, já que os problemas teriam começado 16 dias antes por causa de uma briga com outro paciente, que culminou com a intervenção médica. Segundo o documento, as reclamações de dor, o inchaço aparente nas mãos e os dois dedos sem movimento não teriam sido suficientes para a equipe da unidade constatar a necessidade de assistência. A situação do homem de 43 anos foi constatada durante a visita da irmã, Ana Maria Souza Silva, 33. "Quando chegamos para visitá-lo, no dia 29 de maio, ele ainda estava na sala de intercorrência. Desceu com a roupa ensaguentada e sujo por causa da briga do dia anterior. Ele reclamava de muita dor, falava que o braço estava quebrado. Questionei por diversas vezes a razão de ele não ter sido levado para os devidos cuidados. Quis tirá-lo de lá rápido, mas encontrei muitas dificuldades. O encaminhamento só foi feito horas depois, quando a responsável pela administração chegou", contou. Entretanto, a medida não foi suficiente. O relatório também aponta falhas no primeiro atendimento realizado no Hospital de Pronto Socorro (HPS). O paciente foi examinado pelo médico de plantão que, após raio-X, não constatou fraturas e liberou o paciente. "Meu irmão foi examinado no corredor, em uma consulta que não durou nem três minutos. O médico nem encostou nele. Questionei diversas vezes, mas não adiantou, e ele foi liberado. Passei a monitorar e, no Esperança, me falavam que ele estava bem, só que, na verdade, estava era piorando. Até que, no dia 2 de junho, voltamos ao HPS, mas a outra médica disse que a situação era grave, e o resultado acabou sendo a amputação. Se tivessem ouvido a família, olhado com humanidade nosso pedido de socorro, isso não teria acontecido." Sindicância "Há indícios de maus-tratos, violação de direitos e negligência, por isso pedimos a apuração do caso pelo Ministério Público, encaminhamos a situação para a Câmara Municipal e também esperamos os esclarecimentos da Secretaria de Saúde", explica a advogada do Centro de Referência em Direitos Humanos Maria Cristiane Ribeiro. O secretário de Saúde, José Laerte Barbosa, afirmou que uma comissão de sindicância está encarregada de fazer um levantamento do caso e apurar o que aconteceu. "É de nosso interesse entender toda a situação", explicou.

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