terça-feira, 29 de novembro de 2011

Motorista é condenado a 40 anos de prisão pela morte da filha e da ex-mulher

Jurados decidiram, por cinco votos a dois, a condenação do réu; cabe recurso






O motorista Olavo Monteiro de Carvalho Neto foi condenado a 40 anos de prisão, inicialmente em regime fechado, pelas mortes da ex-mulher, Waléria da Rocha Tassara, e da filha, Elisa Monteiro de Carvalho, em outubro de 2010. Após mais de 12 horas de julgamento, os jurados decidiram, por cinco votos a dois, a condenação do réu. Cabe recurso. Ele já estava preso desde o dia 14 de outubro de 2010, quando os corpos das vítimas foram localizados no apartamento onde elas moravam, na Rua Henrique Dias, em Benfica, Zona Norte. A cena do crime chamou atenção pela crueldade. A garota, então com 12 anos, estava no quarto, com pés e mãos amarrados para trás. O exame de necropsia revelou que ela foi morta por asfixia em decorrência de constrição no pescoço. Já a mãe, 42, estava caída no banheiro, com várias perfurações na cabeça e um cabo de vassoura enfiado na boca. A morte dela teria sido provocada por traumatismo crânio-encefálico, provavelmente causado por sete pancadas de martelo. As vítimas estavam desaparecidas há vários dias e foram encontradas, em estado avançado de decomposição, por um dos irmãos de Waléria.

Sentença é proferida; familiares se abraçam; cartazes demonstram solidariedade a vítimas
O julgamento começou por volta das 13h30 de segunda e terminou às 1h30 de terça. A sentença decretada pelo júri popular foi anunciada às 1h45 pelo titular do Tribunal do Juri, José Armando da Silveira. Pela morte da ex-esposa, o réu foi condenado a 16 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. Já pela morte da filha, a condenação foi de 24 anos, por homicídio triplamente qualificado. Emocionados, parentes e amigos de Waléria e Elisa comemoraram a decisão. "A morte a gente aceita, mas a brutalidade, jamais", disse uma das irmãs de Waléria, Wanderlúcia da Rocha Tassara, após o julgamento.
Em seu pronunciamento, o juiz José Armando reconheceu a crueldade das mortes. "O réu é primário, porém existem antecedentes criminais, demonstrando ter personalidade distorcida e conduta social que deixa a desejar. Agiu com alto grau de dolo, face à brutalidade das condutas. Os motivos e consequências dos delitos são desfavoráveis ao réu, gerando, o crime, grande repercussão pública na cidade de Juiz de Fora. E as vítimas em nada concorreram com suas posturas para os desfechos criminosos, sendo uma delas filha do próprio acusado."
Durante o julgamento, dezenas de amigos e familiares empunharam rosas brancas e cartazes que pediam justiça. Muitos estavam vestidos com uma camiseta com as fotos de Waléria e Elisa. Em vários momentos, parentes das vítimas se emocionaram, precisando ser consolados. Enquanto isso, no palco do Tribunal do Juri, o promotor de Justiça reforçava o histórico de agressão de Olavo a Waléria, enquanto o defensor público lembrava da ausência de provas materiais do crime. Em sua explanação, num momento de maior exaltação, o promotor Otônio Ribeiro Furtado chegou a quebrar um copo e a quina de uma mesa após golpear o móvel com um martelo, simulando os sete golpes que Waléria sofreu na cabeça.
O caso
De acordo com o laudo da perícia da Polícia Civil, mãe e filha foram mortas no dia 9 de outubro de 2010, cinco dias antes de seus corpos terem sido encontrados. As duas tinham agendada uma viagem para Aparecida do Norte (SP), no feriado de 12 de outubro, mas não foram à excursão. Amigas de Waléria, que trabalhava como supervisora de produção estranharam a ausência da mulher ao trabalho. Ela foi vista pela última vez no dia 8, na praça de Benfica. Com a ajuda de um chaveiro, um irmão de Waléria entrou no apartamento, localizando os corpos da irmã e da sobrinha. Ele acionou a Polícia Militar. O forte odor proveniente da decomposição dos corpos era sentido da rua. No enterro, os caixões não foram abertos.
No mesmo dia em que os corpos foram localizados, o motorista Olavo Monteiro de Carvalho Neto foi preso. Em desfavor dele havia dois mandados de prisão por suspeita de furto de cargas. Após a conclusão do inquérito, o delegado responsável pelo caso, Luciano da Veiga, também solicitou à Justiça a prisão preventiva de Olavo em virtude do duplo assassinato. No decorrer do inquérito, pessoas ligadas às vítimas relataram que ela sofria agressões por parte do ex-marido e que Olavo não aceitava o término do relacionamento.

TRIBUNA DE MINAS

Por Guilherme Arêas

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