segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Padre veta presépio com "José e Maria despidos", em Tiradentes

Religioso levantou polêmica ao mandar retirar obra artesanal de praça pública da cidade


FOTO: DIVULGAÇÃO
Fotos mostram o presépio antes e depois de serem retirados os elementos, a pedido do padre da cidade
Um presépio artesanal montado em Tiradentes, região do Campo das Vertentes em Minas Gerais, foi alvo de censura por um padre da cidade. No cenário, além da representação de animais e do menino Jesus, estavam estátuas em madeira de José e Maria e um símbolo da paz ao fundo – que remete ao período hippie e também à “cruz de Nero”, que seria uma afronta aos cristãos.

Segundo Mariana Cavalcanti, presidente do Conselho Municipal de Turismo, parte da obra foi removida, por exigência da autoridade católica. O padre teria pedido à prefeitura da cidade que retirasse o presépio, localizado no Largo das Forras, no Centro, alegando que o tal símbolo da paz “era coisa de nazista e que José e Maria estavam despidos”.

O presépio foi montado por artistas plásticos da Oficina de Agosto, após decisão em uma reunião entre o órgão que Mariana preside, a Associação Empresarial, a Secretária de Turismo e o Centro Cultura Yves Alves. “No ano passado, a decoração não estava bacana e convidaram a Oficina para montar o presépio da cidade”, conta.

Após ver que o cenário havia sido mexido sem o conhecimento dos autores, Mariana postou a foto do presépio alterado no Facebook, gerando dezenas de comentários. Muitos dos internautas ficaram revoltados com a alteração, alegando desrespeito aos artistas.
Um dos autores, Antônio Carlos Bech, afirma a intenção do símbolo era a representação da paz. Além disso, segundo ele, José e Maria não estão despidos, mas com a roupa esculpida na própria madeira. Para ele, os artistas deveriam ter sido comunicados sobre a retirada de elementos. “Tudo foi feito com o custo da Oficina. Eles deveriam ter nos procurado e a gente faria algo. Foi meio ‘ditador’”, opina.

Para o católico Daniel Dias, 34, a “cruz de Nero” não poderia estar no mesmo cenário que Jesus. “Comemoramos o nascimento de Cristo e colocaram um símbolo anti-cristão, uma cruz de cabeça para baixo, uma agressão aos cristãos”, disse. O imperador romano seria o idealizador do modelo de cruz com os braços em “V”, que seria o “sinal do cristão quebrado”.

O secretário de Turismo de Tiradentes, Felipe Barbosa, afirmou que a câmara municipal da cidade enviou uma carta à secretaria, reclamando do presépio. “A parte católica da cidade não achou viável o presépio, então trocamos (os elementos), usamos a casinha de sapê e forramos com serragem. Colocamos um presépio 'normal'", disse.

A reportagem tentou entrar em contato com o padre que foi contra o presépio, mas não foi possível localizá-lo.

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